Renato Formiga Lima, nascido em Minas Gerais, é um poeta, escritor e um cientista, que busca, na virtude e pelo porquê das coisas, a forma de expressão máxima que somente a arte e o pensar podem transmitir.
Adeus, bela rosa
Minha rosa amiga, bela e dourada
tanto a amo que o ar do peito se esvai,
sufocado tive a felicidade roubada,
pois uma escuridão chegou e não se vai;
se me afasto e me calo é porque eu a amo
e não sei agir corretamente ao teu encanto.
Sofro do mal da tristeza e do abandono
um covarde que não teme machucar a pétala;
estou tão perdido em prantos e pensante,
não sei lidar com essa doença inquieta
que joga para o alto e depois para o abismo,
a que me aflige e me faz cair no descrer,
e que destrói a mente sã: a paixão ardente.
Minha cara, se perguntar a mim se sofro,
Direi que sofro e então direi mentiras,
Pois não posso dizer que me sinto isolado,
Que sinto que entreguei o tudo por nada
Que a amei sem ter motivos de amar,
E é por amar que me afasto de ti, amor,
Pois senti que estava procurando mais dor…
E então rosa dourada, coisa mais bela,
Serei então tolo por conjurar tal poema,
Mas minha alma arde e pede por escrever,
E em vão e mais uma vez procuro sua alma:
Com palavras espero que me entenda,
Porém sem esperanças verdadeiras…
Quando vi você correndo descalça em direção
à árvore quadricentenária na Ilha do Combú
e depois colocando as mãos espalmadas
na base da samaumeira de mais de 50 metros,
imaginei você trançando os cabelos nos galhos;
conectando-se às folhas e ao tronco igual no Avatar .
Faz 10 anos. Hoje leio os primeiros versos de um poema
que você esboçou quase em lágrimas pela manhã:
“Uma árvore virou cinza na Amazônia.
Inúmeras árvores viraram cinza na Amazônia
nos últimos anos.”
Naquele mesmo dia, coloquei meu ouvido na terra.
Disse a você que escutava o choro das árvores,
O clamor do solo sangrando, de peixes sufocados,
De muitos animais gemendo e convalescendo.
Você me disse que eu não sabia aproveitar a beleza de Gaia,
a energia da floresta, as vozes e os espíritos ancestrais.
Por isso, não lhe disse que também ouvi sons de motosserra,
De árvores crepitando, de pássaros em agonia.
“Nem tudo é tragédia”, você me repreendeu.
“Nem tudo é beleza”, pensei mas não lhe disse.