Poetas do Rio de Janeiro

Poetas do Rio de Janeiro

Poetas do Rio de Janeiro

A categoria Poetas do Rio de Janeiro reúne escritores e escritoras que representam a poesia e a cultura do Rio de Janeiro. Aqui, destacamos poetas fluminenses que traduzem em versos a riqueza cultural, as histórias e as tradições do Rio de Janeiro. Descubra escritores contemporâneos que nasceram ou se radicaram no Rio de Janeiro celebrando a essência literária desse Estado tão vibrante.

Arthur H

Baiano da Guanabara. Arthur H é comunicólogo de-formação, designer por opção (e atuação) e poeta na imaginação (gastando energia, tinta e pixels, publicando nas mais diversas frentes e versos). @nao.instantaneo no Instagram.

Poesia

Para Lennon, McCartney e Guedes

hoje as flores não se abriram
no meu caminho
as borboletas não me seguiram
segunda não é dia de poesia!?
todo dia é dia
de viver
pelo menos
assim disse Bituca
para Lennon e McCartney
para ser o que for
foi Beto quem falou

Gil Lourenço nasceu potiguar e cresceu fluminense. Pedagoga, descobriu-se poetisa, inspirando-se em suas origens e vivências para versar sobre amor, erotismo e empoderamento.

Poesia

Retalhos

Menina faceira
Sinto seu cheiro
Imagino o sabor
Da boca rubra

Um convite
O alerta
Uma armadilha
E o descuido

Laço e enlace
Passa o tempo
Passa a vida
E o sentido sentiu

Sou cativo
Passeio livremente
Por torrentes e curvas
Sem caminho de volta

Gilberto Pereira nasceu em 1960, é morador da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, desde 1971. Seu primeiro livro de poemas, A Trilogia D’Alma, foi publicado pelo selo editorial Polo Cultural Ilha e lançado em 2022, durante a 2ª FLICPOLO — Festa Literária e Cultural do Polo Cultural Ilha. Organizador de antologias, é também um dos idealizadores e, atualmente, único produtor e apresentador do Sarau na Casa D’Alma, que celebrou 22 anos em julho de 2024. Além disso, é membro-fundador e presidente da Academia Sociedade dos Literatos do Sarau na Casa D’Alma (ASOL).

Poesia

INTROMISSÃO

No mundo,
existem homens e pedras:
as pedras, carne sem sangue;
os homens, sólido venoso.

Eles urinam e sobrevivem.
Elas sorvem e prosperam.

São uterinamente pedras.
São pré-historicamente homens.

Deles não restam dúvidas.
Delas não saltam sonhos.

(Mas o que há de errado nisso?!
Não sei.
Os poetas se metem sempre onde não são chamados!)

Henrique Medeiros Sérgio é autor, Pesquisador e Palestrante sobre: Violências contra Mulheres e LGBTQIAP+, Relações Intrapessoais, Interpessoais e Pessoais, Autor e Ilustrador de vários livros.

henriquemedeirossergio@gmail.com
WhatsApp: 21/ 98503.3000
https://www.instagram.com/henriquemedeirossergio/

Poesia

Do desdém ao feminicídio

Primeiro momento surge o amor.
Pouco depois, juntos para sempre.
Depois o príncipe não é mais o mesmo
A relação pode começar torna-se abusiva.
E ela, fica obrigada a ser colusiva.
O amor começa a virar dor.
A dor começa virar violência.
A violência vira uma iminência.
Um possível feminicídio, uma dolência.
Não deve existir uma concordata para evitar a essa falência.
Na relação não adianta ser acrobata!
Fique atenta! O amor também mata!
O agressor cumpre seu papel de algoz.
Veja muito bem o que vem após.
Tudo começa com um desdém, um desqualificar.
Que dói! dói! dói!
Silenciosamente. Solitariamente
Destrói. Diminui.
Lentamente.
Corrói!
Mesmo aquelas que os agressores não conseguiram matar
Estão mortas em vida.
Não busque ajuda de curiosos e pessoas
Com soluções mágicas ou milagrosas,
elas não irão te ajudar.

Luciana Quintão de Moraes (1993) é poeta, revisora e tradutora literária, graduada em Letras (UNIRIO). Integra os coletivos “Fazia Poesia” e “Escreviventes”, pesquisa o figurativo do inominável e o hibridismo nas artes. Presente em diversos projetos poéticos. Tentei chegar aqui com estas mãos foi seu primeiro livro. Flor de sangue é o segundo.

Poesia

Under the gun

1. Projétil – laço mortal
A bela palavra é animal.
Esta, que entranhada no
excesso de doce /olhar canino/
em diálogo com /um inferno musical
Diânico/ em sua árvore em reverberação, vibra.

2. Projétil – cinquenta e nove porcento
__A ilógica relação fundamental com todas as coisas.
__Um lugar cintilante.
__ De onde vem a palavra?

3. Projétil – figura da ausência
Uma frase raspada por vó
para um licor de pequi.
Tal história replicada em si,
por vir da morte de mãe.
Somos o que ficou salvo no arquivo:

4. Projétil – oculto
Vivemos por amor. E já sou um labirinto. Para respirar.
Também tenho esta doença.
No líquido amniótico de nossa origem____
Tome a minha concha, no mirante e no
tumulto, e não aceite um prazo.

5. Projétil – amor do gesto
Somos o tempo do Agora, onde tudo Finda,
No meio do labirinto que recebo em sua
Concha, e vivo por Amor, no lar da Perda Pétrea,
pela beleza Rara, nesse Labirinto;

Luiz Gustavo de Sá mora em Niterói-RJ. Foi pré-selecionado na Edição de 2018 do Prêmio Sesc de Literatura e semifinalista do Prêmio Pena de Ouro (2022) da Casa Brasileira de Livros. Publicou os livros de contos “Parafernália” (Editora Itapuca) e “Ninguém está olhando” (Editora Penalux); e o romance “Na dúvida, é melhor não mentir” (Editora Penalux)

Poesia

Pela sombra

Não vou pela sombra,
sou do contra,
disfarço,
dou meia volta,
me perco de vista,
faço questão do acaso.

Não vou pela sombra,
estremeço,
sou quase tonto
procurando um endereço,
onde possa viver sem culpa
sendo feliz do meu jeito.

Não vou pela sombra
prefiro ficar atento,
faço o que for possível,
conto os meus passos,
recito placas de carros,
recorro a rimas raras,
o que for preciso, faço
para curar essa ressaca
para encontrar o que basta
ao sol a pino me arrisco.

Nina Carneiro é poeta, compositora e artista autista. É autora dos livros “Devaneio Coerente” (Filos, 2021) e “No limiar do espectro” (Filos, 2024), e também conduz um projeto musical chamado Nina and The Infinite Universe.

Poesia

Princípio hermético

– Estamos aqui –
Disseram as formigas
tão pequenininhas
sobre a mesma terra
na qual caminhamos

– Estamos aqui –
Disseram as estrelas
sem-nome e distantes
no mesmo infinito
no qual existimos

Formigas e estrelas
fazendo poesia
Aqui e acolá:
o mesmo lugar
que é este universo

Paula Latgé

Paula Latgé é poeta, psicóloga, com formação em bioética e saúde coletiva, coordenadora da Associação Experimental de Mídia Comunitária – BEMTV, tem na poesia o seu impulso, escrever não é opção, é sentido de vida, palavras que preenchem o seu ser insistem em nascer, e quando não nascem, abortam o ser que deveria ter sido e não foi.

Poesia

PRECE

Escreve poesia quem não sabe prosar
Poeticamente prosando o poeta nunca está
A poesia não tem linha
Não tem tempo
Nem história
Ela caminha fantasticamente
Quase simplória
Onde começa?
Quando termina?
Quem faz o verso?
Será com rima?
A poesia não se pergunta
Se acontece!
Inesperada nasce da alma
Como uma prece.

Pedro Franco

Pedro Franco é cardiologsta em atividade. 27 livros literários publicados. 604 prêmios literários, sendo 25 fora do Brasil. Em 212 coletâneas. Professor de Medicina aposentado, tendo ministrado aulas para centenas de estudantes, inclusive filho e neta. 105 trabalhos médicos publicados.

Poesia

Em vez

De contar avaramente notas de dólares,
Conte estrelas;
De sonhar com carrões e negociatas,
Sonhe com sua amada;
De agradar o chefe,
Lembre-se do amigo necessitado;
De comprar o bilhete lotérico,
Compre comida para carentes;
De procurar a paixão,
Garimpe o amor;
De votar voto interesseiro,
procure o candidato ficha-limpa;
De querer sempre receber,
Pense em dar,
Doar-se a causas justas;
De dar o soco, ainda que merecido,
Sem dar a outra face,
Procure passar ao largo;
De assistir ao último filme de defeitos especiais,
Reveja “Amacord”;
De julgar-me utópico, tolo, ou quimérico,
Que tal me aceitar diferente de você,
Conceber que alguns se alimentam
Também de poesia
E buscam um mundo muito diferente.

Rafael Erasto

Rafael Hera nasceu na Baixada Fluminense, em 1998. É escritor e ativista. Publicou seu primeiro livro “”A Lingua do P””,em formato digital em 2020, durante a crise pandêmica.

Poesia

P

toda vida aparece uma enxurrada
a aquisição mais recente?
língua de Caetano
óbvio
junto com línguacorpo de Bethânia
línguacigarro de Abreu
línguacabeça de Ana C
línguagrito de Marcelino
só me falta entender o funcionamento
ler o manual de instrução do teu peito
me desculpa, eu queria de verdade
saber te pegar no colo e te levar pra casa
te deitar nu como a línguacristo de Pessoa
e garantir felicidade calmaria
eu não sei se você entende
e você sabe que receio dizer
que da ausência se faça beijo
e do buraco um braço entrelace
tu sabe que eu pedi pra mãe
tirar de perto se não presta
ajudar se não for longe
hoje é 27 de abril e
eu tenho covardia da tentação
de conhecer o gosto
da língua do P

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