Poetas do Amazonas
A categoria Poetas do Amazonas reúne escritores e escritoras que representam a poesia e a cultura do Amazonas. Aqui, destacamos poetas amazonenses que traduzem em versos a riqueza cultural, as histórias e as tradições do Amazonas. Descubra escritores contemporâneos que nasceram ou se radicaram no Amazonas, celebrando a essência literária desse Estado tão vibrante.
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Marta Cortezão natural de Tefé/AM. Reside em Segóvia/ES desde 2012. Poeta, feminista, antirracista, antifascista. Livros de poesia publicados: Banzeiro Manso (Porto de Lenha Editora, 2017), Meu silêncio lambe tua orelha, Aljavas para Cupido (e-book) ambos pela TAUP, 2023, Amazonidades: gesta das águas (TAUP, 2ª ed. 2024). Organizadora das coletâneas Enluaradas.
Instagram @martacortezaopoeta
as hortênsias
o que sabem de mim estas hortênsias?
o que guardam elas de meus segredos
em seus pés robustos e lenhosos?
espreitam-me com seu centenar de olhos neon-violáceos
invadem-me as memórias com garras de harpias
aprisionam-me em sua forma ovoide e periférica
piso a terra úmida e meus dedos largos
se espalham como raízes no seio de Gaia e energizam meu útero lunático
sinto-me diminuta e transparente como um micróbio
vejo uma envelhecida e venosa mão
a profanar o sagrado templo das hortênsias
meu corpo rememora a dor da defloração sofrida…
uma ventania sopra ferozmente movimentando a vegetação ao redor
e uma chuva pedregosa cai em nosso socorro!
bebo também da sabedoria pluviosa das nuvens
abro os olhos refrescada pelo alívio de estar viva
as hortênsias ainda estão aqui e sabem de tudo
: não sou nada, absolutamente nada
sequer o pó que o vento sopra sem destino
mas quando unidas invocamos tempestades
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Rakel Caminha é multiartista manauara. Como um rio que flui em diversos caminhos, sua arte transita entre as artes visuais, multimídia e escrita. Sua criação é um mergulho profundo em processos sensíveis, onde arte, a natureza e a experiência da existência se encontram e fluem, como espelhos d’água dos sentimentos humanos.
Memórias.
Memórias.
Inundação nas comportas do cérebro.
Recortes:
Ora ácidos, ora doces,
Fragmentos de um tudo.
– É Tempo: tempo que dança.
Que marca tudo o que toca.
Foz que deságua
os Instantes intensos que vivemos juntos
Um mergulho profundo
nas veias do peito
Localizadas
Logo abaixo
do Rio Negro.
De cabeça,
em cheio,
Um pulo livre,
na parte mais líquida
do coração.
É sentimento aglutinado e íntimo.
É tudo que se foi,
e que de alguma forma ficou…
E que, abaixo do solo, repousa,
infiltrando as estruturas das minhas cidades.