Poetas de Minas Gerais
A categoria Poetas de Minas Gerais reúne escritores e escritoras que representam a poesia e a cultura de Minas Gerais. Aqui, destacamos poetas mineiros que traduzem em versos a riqueza cultural, as histórias e as tradições de Minas Gerais. Descubra escritores contemporâneos que nasceram ou se radicaram em Minas Gerais, celebrando a essência literária desse Estado tão vibrante.
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Adriene Cruz é natural de Varginha-MG, Especialista em Produção Textual, Licenciada em Letras – Português, atua como Professora na Educação Básica. Autora do livro Paisagens Interiores – Editora TAUP. Acredita no poder da escrita como uma das formas de cura das emoções.
Mulher de Março
Eu não tenho culpa
Ninguém tem culpa
Sou como sou
Pertenço à família dos Sentimentos
Meu sobrenome é Intensidade.
Me ame ou me deixe
A escolha é sua
Mas não me peça
Para dissimular o que sinto.
Meu corpo conduz as águas
Que dos meus olhos escorrem lentas, fluidas.
Que no meu interior,
Quando querem amar
Revolvem-se como as ondas do mar…
Frescor
Repouso
Regalo
O que toca minha pele
Também vibra em minha alma
Assim,
Sou como sou
Pertenço à família dos Sentimentos
Meu sobrenome é Intensidade.
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Anízio Vianna é poeta e letrista. Publicou oito livros, o mais recente é a plaquete “Desalarmes, escritos de paz” (TAUP). Recebeu o prêmio Cidade de Belo Horizonte com o livro “Dublê de Anjo” (Mazza). Teve seus textos publicados na Espanha, Peru e Portugal.
Litígio
você me acena se queixa se despe
teu problema é quando a gente regressa
tudo tem no máximo um brilho
mas você quer quase sempre o cometa
você me tem como uma pessoa tão linda
— no cinema eu seria o mocinho —
tudo bem você já filmou sua cena
mas o real é a nossa vida pequena
só no sexo é que a gente se ajeita
no teu plexo pousou borboleta
mas tem vezes que somos estranhos:
o real não empresta o que somos
você me atrela ao normal e à cela
traduz pro meu sangue a tua beleza
no canal sempre o mesmo programa
— desconversa a novela e me ama —
você me dá o silêncio da véspera
quando o tempo era a fortaleza
e desconversa os problemas de sempre
e mutante muda a minha linguagem
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Bê Luiz é um ser humano que produz arte de diversas formas e gosta bastante disso. Vive em Belo Horizonte e atualmente cursa jornalismo na UFMG.
Agro
Em estado de azeda,
Nada agridoce, apenas azeda,
Sem pena do que passe à frente.
Frente todos os problemas, preciso urgentemente
De um levante que enfrente
Explosões internas e externas,
Inspirações e mágoas frescas,
Com tirolesas e canhões,
Os próprios levantes das rebeliões,
Que se iniciam nas pontas dos dedos.
Fazem crer em escrever
Como maneira de ver
O invisível revoltoso da emoção culpada,
A revolta é melhor colocada se rimada com fogo,
Do que gritada com raiva.
Raiva do mundo em chamas nada rasas,
Mágoas frescas, inspirações desacreditadas,
O que ficou foi a palavra.
Palavra ou nada, natureza ou nada, mudança ou nada,
É assim que acaba:
Em ponto final ou em fumaça.
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Cidinha da Silva é escritora e doutora em Difusão do Conhecimento. Autora de 22 livros, entre eles os premiados “Um Exu em Nova York” e “O mar de Manu”. Tem traduções em catalão, espanhol, francês, inglês e italiano. É cronista do jornal Rascunho. Seu livro mais recente é “Vamos falar de relações raciais? Crônicas para debater o antirracismo” (Autêntica, 2024).
Chuva
Ontem chovi
Era chumbo
A nuvem que me matava
Chovi mágoa
Contrita
Ebó despachado na praça
Na encruza do tempo perdido
Chovi no pântano dos afogados
Mangue de dor
Sem flor que nasça
Chovi o amor guardado
Tudo é morte
Tudo é renovação
Só por chover
Amor
Vivo
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Dêniza Machado nasceu em Juiz de Fora, Minas, onde reside e trabalha. Experimenta a poesia na palavra vista e escrita, do cotidiano, entre os amores e as lavandas do quintal. Já publicou poesias em: travessias, árvores e hiatos (2020) e a árvore da casa (2023). Cria do Linhares, na rua Itália, número 119. Fez curso de datilografia e sabe que a primavera começa no inverno.
sobre o amor
não sabia cuidar
achava que o amor era espontâneo
não precisava de trocas
mudas
replantio
meter a mão na terra
adubar
revirar
tirar tudo aquilo que mesmo vivo
não nutria a semente cultivada
achava
erroneamente
que só o amor bastaria
que ele sozinho floresceria
em frutos também
não sabia
amar é a metade do caminho
noutro trajeto há que se empenhar
e dizer cuidados
dizer cuidados
Cuidados
E fazer cuidados
Cuidados
Infinitamente
A cada novo dia
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Gleidston Alis é professor, escritor, cantautor, performer e multiartista de Minas Gerais. É doutor em estudos literários pela UFMG e seus trabalhos se fundamentam na intermidialidade, na inter-relação entre discursos ou áreas do conhecimento, no deslocamento do olhar pela multiplicidade de perspectivas que suscita a cultura contemporânea.
A porta bate atrás de mim
Tapa nas costas
Tranca à frente
Ferrolho da madeira intransponível
Será possível?
Todas as portas do mundo batentes
Impactos concomitantes
Sinfonia de Buns! Bans! e outros socos
Todas as portas fechadas
Pra tudo do lado de fora
Trancadas por dentro
Trancadas por nada
Por não há de quês
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Igor Pereira de Paula Costa, bacharel em Direito, poeta e utopista brasileiro. Participou de 24 (vinte e quatro) antologias poéticas, que buscaram demonstrar os preceitos individuais poéticos.
A Extinção das Compaixões
O amor foi esquecido no cotidiano!
Não há mais sentimentos puros pelos quais atraem os mesmos.
Ao observarmos a felicidade vemos cada vez mais distante do que chamamos de vida.
Amar as pessoas nunca foi tão complexo, porém pensar desta maneira, é desanimador para todo ser!
Sentimentos poderosos atraíram os indivíduos ao abismo estatal, que o adapta nas ambições modernas afastando-o da esperança amorosa.
Não crer no amor é a escuridão do modernismo, onde cair-se tornou a maior facilidade do ser humano.
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Luciana Fraga é natural de Formiga-MG, da comunidade rural de Fazenda Velha. Autora dos livros “À Flor da Pele” e “Devaneios Endereçados ao Indizível”. Membro efetivo da Academia Formiguense de Letras, na cadeira nº 16. Membro do Clube Literário Marconi Montolli e do Coletivo Poesia de Rua. Instagram: @_luciana_fraga_
Os perigos da mágoa
A mágoa fere
A cada nova oportunidade
Eis o perigo
De cultivá-la
Há que libertar-se
De qualquer mágoa
Ressentimento
Ou rancor
O quanto mais breve
Seja possível
Sob pena de ferir
– ciclicamente –
Quem apenas se deseja acolher
Da forma mais plena
E incondicional
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Marcone Rocha nasceu na cidade de Fervedouro, Minas Gerais. Ainda na infância desenvolveu uma relação profunda com a poesia. Graduado em Direito e Letras, autor do livro “O Menino e o Rio – Uma celebração a Vidas Extraordinárias”, explora de forma lírica e poética as complexidades, revelando o extraordinário nos momentos simples da vida.
Meio-claro
No silêncio das sombras, o homem caminha sozinho.
Carrega o peso do amor que não pode ser seu.
O coração pulsa forte, mas a tristeza o domina.
Como uma chama que reclina, esse amor é proibido.
Um amor que floresce num terreno tão alheio,
Como um sol que não pode tocar a lua à noite.
Entre suspiros e segredos, ele guarda um desejo.
Ainda que na penumbra da noite, ele chore sozinho,
Ele ama em silêncio, feito um poeta de amor clandestino.
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Marina Faloni é natural de Frutal-MG. Graduou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Atualmente, trabalha com direito à moradia e direito urbanístico. Desde a adolescência, tem a escrita como refúgio.
Broto
Você me pediu um poema.
Eu rio. E um rio
sacode as tripas por dentro.
Será que alguma flor brotou no seu peito?
Será que ela brotou antes de eu brotar?
Ou eu brotei e um ramo espinhoso rasgou o seu peito?
Te rasgaram a barriga também.
Alguém te perguntou?
Você quis isso?
A barriga cortada
Eu brotando
O espinho rasgando o peito
Você quis isso?
O sistema te fez seguir?
O casamento foi por amor?
Alguém te disse que não querer
pode ser um desejo?
Se você pudesse escolher, ia querer?
Você não podia escolher.
Mas um dia você gritou que quis
e eu nunca mais perguntei.