Poetas da Bahia

Poetas da Bahia

Poetas da Bahia

A categoria Poetas da Bahia reúne escritores e escritoras que representam a poesia e a cultura do Estado da Bahia. Aqui, destacamos poetas baianos que traduzem em versos a riqueza cultural, as histórias e as tradições da Bahia. Descubra escritores contemporâneos que nasceram ou se radicaram na Bahia, celebrando a essência literária desse estado tão vibrante.

Alexandre Paim

Nascido e criado entre Amélia Rodrigues e Feira de Santana, Bahia. Alexandre Paim é graduando em Psicologia na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), estudante de Teatro e de Técnica Vocal no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA/UEFS), formação em andamento em Análise do Comportamento Clínica no Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC).

Poesia

quando a chuva passar

três luzes queimadas, minha mãe preocupada, desconforto gastro-cardíaco;
selas e botas, distância quadrada – odeio ver o brilho do azul entre os oitis.
mesmo assim, vi cada gosto seu no corpo de um semideus virtual. como pôde me abraçar planejando voar entre as flechas dele?
meu pai no whatsapp com a incredulidade: o destrono não me tornou indolor.
tua inocência fajuta combinou com a minha surdez conveniente; só não fui competente em isolar variáveis estranhas no meu experimento contra-ético.
invalidado pelo teu afã por homens símeis, ensimesmado e compadecido, não esteticamente envolvido… eu queria te dar um tiro.
meu primo te refere em sorrisos e eu, acovardado, me esquivo; sua misericórdia já me penitencia.
não vou explicar o que houve porque algo não se há de ter havido para que não empreendesse esforço ou arrependimento.
capitães de areia na sua estante e meu prólogo empoeirado em caneta vermelha – você nunca lerá!
eu rezo em dilúvio que meu quarto, meu vinho e meu sangue te manchem, que meu canto te atormente, que meus versos te arrebentem…
que mergulhe e se afogue e eu lhe salve a vida com a mesma letargia que você tirou a minha.

Cecília Zugaib participou de diversas antologias no Brasil e na Suíça. Foi finalista no Festival de Poesia de Lisboa 2024 e fez parte do Festival Zürich liesst com a instalação da Zwischentext. Lançou os livros de poesia Fina Linha e Khalas em 2024. Atualmente, trabalha em dois livros de haiku e um de contos.

Poesia

Processo

Dizem que, para curar,
há de se chorar,
ir até o fundo, tomar impulso,
se reinventar,
voltar à tona,
receber o tempo como um abraço,
aceitar o passado,
traçar planos,
não pensar,
cultivar hábitos saudáveis,
exercitar-se, dormir muito,
estar com amigos,
meditar.

Curar é processo.
A dor pulsante
corta a alma,
marea os olhos,
seca a boca.

Curar é tempo em câmara lenta,
é silêncio incômodo
que não acha posição confortável,
é exaustão que te adormece,
o caminho necessário.

Vermelho no branco

Desolação,
se saísse,
seria um urro do abdômen
um soco na parede
o vermelho no branco
uma mordida na carne
o branco no vermelho
as lágrimas escorrendo
o vermelho invadindo o branco
o poema no papel
o vermelho – todo o vermelho –
no branco.

Nasceu no dia 16 de outubro de 1987. Mora em Camaçari -Bahia. Escrever é uma grande paixão pessoal. Por muitos anos manteve seus escritos engavetados. Já participou de várias antologias.

Poesia

Meu jardim

Da janela do meu quarto
Fico admirando o meu jardim!
Com a chegada da primavera
Borboletas, voando de flor em flor
Trazendo encanto e alegria
E o perfume das flores
Exala por toda parte…

Nesse momento fecho os olhos
Respiro fundo e me entrego
A mais pura emoção e medito
As coisas mais simples da vida
Que realmente nos trazem felicidade
Esse sim é o verdadeiro sentido de viver.
Apreciar a natureza e a cada gesto singelo!

Envolvida por esse momento!
Começo a cantar minha canção preferida
E me sinto em outra dimensão
O nome disso, chama -se paz interior!
Como é bom se sentir assim
Olho pra dentro de mim,
E encontro uma nova razão de viver.

Uma felicidade me contagia!
Vou cuidar cada vez mais do meu jardim
Cultivar novas flores, no meu jardim
O perfume das flores, traz paz!
Cada dia que passa, sinto minha esperança renovada!
O amor preenche os meus dias!

O coletivo de escritores Insurgências Literárias surgiu após o evento “Sextas Culturais, Artes Presentes no Campus XI: Sarau Poético” na UNEB – Campus XI, Serrinha/BA, quando se percebeu a necessidade de dar visibilidade à produção literária regional. Fundado em 7 de julho de 2023, o grupo busca compartilhar, valorizar e divulgar escritores locais, promovendo a literatura e incentivando novos talentos.

Poesia

Eu sou resistência

Quando me veem na luta
e gritam: “guerreira!”,
sinto o peso do cansaço, o descompasso,
a bagagem do mundo inteiro.

Anseio o descanso, o silêncio,
abraços que não me exijam coragem.
Mas afeto, amor, acalento.
Desejo ser humana!

Quero olhar no espelho e enxergar dentro da alma,
sentir que nada mais me falta.
Olhar pro presente e poder ser quem sou!
Sem amarras e armaduras, curadas as feridas,
sentindo o sabor da justiça.
Só assim poderei descansar!

Caindo, mas levantando, desfaço a tradição
de que minha cor não tem valor.
Mas não deixarei de lutar, por espaço, voz, direito,
Por respeito!

Afinal, é minha sina!
Jamais desistir, por determinação ou desobediência,
Sigo quebrando com a discriminação.
A minha arte é potência.
Eu sou resistência!

Ivânia Rocha

Ivânia Rocha é apaixonada por livros e leitura. Professora de profissão, escritora de vocação e pesquisadora por necessidade e vontade. Autora de Páginas do sertão: recepção de leitoras sertanejas – Appris, 2023; Da varanda dos fundos – TAUP, 2024; É permitido gozar! (org.) Escola de Escritoras, 2024. Mestra e doutora em Letras.

Poesia

Paradoxo

Vejo um idoso lutando pela vida.
Vejo jovens querendo morrer;
Um postergando a partida,
Os outros teimando em adoecer.
Enquanto o primeiro não se queixa e vive a sorrir
Os últimos muito reclamam e
Só pensam em partir, sumir.
Desaparecer. De qualquer jeito:
Solidão. Drogas. Suicídio.
Querem aliviar a dor; desejam não sentir
A maneira é fugir – seja como for.
O velho se apega a tudo:
Família, dinheiro, amor.
Para os novos, resta o vazio e o absurdo
De um mundo distópico e enganador
Na ciranda da vida, não sei o que pensar
Não quero colocar mais sal na ferida
Que por si não vai cicatrizar
No embalo da subida ou descida,
Não cabe a mim julgar!

Márlon Manossi

Márlon Manossi nasceu em Ituaçu-Ba. É graduando de Medicina pela UESB, contista, ilustrador e poeta. No meio literário, lançou seu primeiro livro, “Ovos de Jabuti em Latas de Ferro”, de caráter inventivo e multigênero, e também é fundador do Concurso Literário Baianidades Interioranas.

Poesia

As Lágrimas das Pétalas Purpúreas

E junto a ti, o encanto Alvorecia.
E o mundo Alagava com sua melodia…
Acordes em oitava com Cores e cortesia:
Pequenos frutos de uma pura Magia…
Seus olhos Argutos, de um mar em Euforia,
Molhavam o alento e o peito em Eufonia…
O corpo Turbulento encontrava Harmonia
— As vagas Ternuras de uma Sintonia…
Nas Águas? Bravuras. Na Vida? Polifonia.
E junto a ti, o encanto Alvorecia…

E longe de ti, o encanto Perecia.
O mundo se Arruinava sem sua companhia…
Minh’alma Afogava e me Sucumbia:
Males Astutos, Óxida Melancolia…
Os corações Abruptos, em uma sinfonia,
Mostravam o Avarento corpo em Agonia!
E no Sofrimento, Numa mente Vazia,
Nefastas amarguras em Desarmonia…
Nas águas? Loucuras. Na Morte? Afonia.
E longe de ti, o encanto Perecia…

Natural de Ituaçu-Ba, graduando de Medicina pela UESB, contista, cordelista e poeta. No meio literário, lançou seu primeiro livro, “Ovos de Jabuti em Latas de Ferro”, de caráter incentivo e multigênero, e também é fundador do Concurso Literário Baianidades Interioranas.

Poesia

CORDEL: JUÁ & CIRIGUELA

Terezinha foi pro pasto Plantar juá e ciriguela.
Escavou a terra argilosa. Molhou com sua remela.
Semeou com pirilampos. Adubou com mel, canela.

Sua filha foi pro pasto Colher juá e ciriguela.
Catou frutinhas da grama Pra galinha magricela,
Que todinha fiapuda Devorou uma bagatela.

Sua neta foi pro pasto Comer juá e ciriguela
Correu a moleca risonha Com uma grande tigela.
Devorou caroço e talo Com o dulçor aquarela.

Mas a água fugiu do pasto. O sol escalda as costelas.
Fugiram mãe, filha, neta À grotesca cidadela.
Deixaram o juá triste, Secaram a ciriguela.

O sol alimentou a fome. A morte comeu moela.
Abandonaram folclores. A secura rachou a goela.
Ninguém mais foi pro pasto Catar juá e ciriguela.

A mãe virou faxineira. A filha ficou banguela.
A neta pegou cobreiro. Era uma vida balela.
Tinham saudades do pasto, Do juá e da ciriguela.

Professora licenciada em Letras Vernáculas com Língua Estrangeira Moderna (inglês) pela Universidade Federal da Bahia (2012), Mestra pelo Programa de Pós-graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia (2016) e Doutora em Literatura e Cultura pelo mesmo programa (2024). Uma amante das letras e do conhecimento!

Poesia

Árvore bonita

Para minha irmã

Árvore frondosa de profunda raiz
A seiva bruta de ariana te alimenta,
Teus galhos fortes com agilidade e altivez
Abrigam, criam, inventam e sustentam
Passa raio, trovão, tempestade
Inundação, estiagem, alegria, tristeza
Árvore de aroeira é dura e cura
Bem plantada não tomba
Raiz profunda não deixa.

Renilda Viana

Renilda Viana nasceu em Iraquara /BA-Região da Chapada Diamantina. Professora aposentada. Escritora. Escreve poesias, contos e crônicas. Três livros autorais( poesias e crônicas) e coautora em diversas antologias. No momento(2024) dedica-se a sua primeira publicação no gênero infantil e seu primeiro livro de contos. 

Poesia

Classificados poéticos

Procuro pessoas desocupadas.
Livres para viver sem amarras.
Correremos atrás de gaivotas na praia e
tocaremos as campainhas de pessoas fechadas.
Prometo acordar o silêncio da sua solidão
e preencher o vazio desse coração.
Juntos, iremos ao jardim das possibilidades,
onde vivem as pessoas sem compromisso
com o mal humor e com a maldade.

Rosângela Macedo

Rosângela Macedo é mulher virtuosa, baiana, mãe, poeta, escritora, professora do ensino fundamental II, graduada em Letras e Pós-graduada em Língua Portuguesa. Se inspira na realidade e no protagonismo da vida para escrever. Sua prioridade é pelo bem-estar de si e do outro em busca da felicidade. É uma pessoa apaixonada por poesia e pela vida.

Poesia

Hoje é dia

De não querer meditar
De não querer sentir
O que há dentro de si
Hoje é dia de querer
Viver
Sentir
Provar
Não desistir
Quando teme o desconhecido
E sofre no desespero
Quando não conhece o segredo
De enfrentar sem medo
Hoje é dia de repercutir
Sonhar
Realizar
Não desistir
Ser livre e voar
Com desbravura conquistar
Hoje é dia de viver
Com alegria
Sentir
Saborear
Abraçar
Hoje é dia de amar.

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