Poetas da Bahia
A categoria Poetas da Bahia reúne escritores e escritoras que representam a poesia e a cultura do Estado da Bahia. Aqui, destacamos poetas baianos que traduzem em versos a riqueza cultural, as histórias e as tradições da Bahia. Descubra escritores contemporâneos que nasceram ou se radicaram na Bahia, celebrando a essência literária desse estado tão vibrante.
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Nascido e criado entre Amélia Rodrigues e Feira de Santana, Bahia. Alexandre Paim é graduando em Psicologia na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), estudante de Teatro e de Técnica Vocal no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA/UEFS), formação em andamento em Análise do Comportamento Clínica no Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC).
quando a chuva passar
três luzes queimadas, minha mãe preocupada, desconforto gastro-cardíaco;
selas e botas, distância quadrada – odeio ver o brilho do azul entre os oitis.
mesmo assim, vi cada gosto seu no corpo de um semideus virtual. como pôde me abraçar planejando voar entre as flechas dele?
meu pai no whatsapp com a incredulidade: o destrono não me tornou indolor.
tua inocência fajuta combinou com a minha surdez conveniente; só não fui competente em isolar variáveis estranhas no meu experimento contra-ético.
invalidado pelo teu afã por homens símeis, ensimesmado e compadecido, não esteticamente envolvido… eu queria te dar um tiro.
meu primo te refere em sorrisos e eu, acovardado, me esquivo; sua misericórdia já me penitencia.
não vou explicar o que houve porque algo não se há de ter havido para que não empreendesse esforço ou arrependimento.
capitães de areia na sua estante e meu prólogo empoeirado em caneta vermelha – você nunca lerá!
eu rezo em dilúvio que meu quarto, meu vinho e meu sangue te manchem, que meu canto te atormente, que meus versos te arrebentem…
que mergulhe e se afogue e eu lhe salve a vida com a mesma letargia que você tirou a minha.
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Cecília Zugaib, nascida na Bahia e residente em Zurique, compartilha suas obras desde 2021, explorando gêneros literários variados. Coautora de várias antologias, foi finalista no 9º Festival de Poesia de Lisboa (2024) com o poema “Matizes do Extermínio”. Participou do Festival “Zurich Liest” com suas contribuições para a artzine Zwischentext. Atualmente lança dois livros solos de poesia.
Processo
Dizem que, para curar,
há de se chorar,
ir até o fundo, tomar impulso,
se reinventar,
voltar à tona,
receber o tempo como um abraço,
aceitar o passado,
traçar planos,
não pensar,
cultivar hábitos saudáveis,
exercitar-se, dormir muito,
estar com amigos,
meditar.
Curar é processo.
A dor pulsante
corta a alma,
marea os olhos,
seca a boca.
Curar é tempo em câmara lenta,
é silêncio incômodo
que não acha posição confortável,
é exaustão que te adormece,
o caminho necessário.
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Ivânia Rocha é apaixonada por livros e leitura. Professora de profissão, escritora de vocação e pesquisadora por necessidade e vontade. Autora de Páginas do sertão: recepção de leitoras sertanejas – Appris, 2023; Da varanda dos fundos – TAUP, 2024; É permitido gozar! (org.) Escola de Escritoras, 2024. Mestra e doutora em Letras.
Paradoxo
Vejo um idoso lutando pela vida.
Vejo jovens querendo morrer;
Um postergando a partida,
Os outros teimando em adoecer.
Enquanto o primeiro não se queixa e vive a sorrir
Os últimos muito reclamam e
Só pensam em partir, sumir.
Desaparecer. De qualquer jeito:
Solidão. Drogas. Suicídio.
Querem aliviar a dor; desejam não sentir
A maneira é fugir – seja como for.
O velho se apega a tudo:
Família, dinheiro, amor.
Para os novos, resta o vazio e o absurdo
De um mundo distópico e enganador
Na ciranda da vida, não sei o que pensar
Não quero colocar mais sal na ferida
Que por si não vai cicatrizar
No embalo da subida ou descida,
Não cabe a mim julgar!
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Márlon Manossi nasceu em Ituaçu-Ba. É graduando de Medicina pela UESB, contista, ilustrador e poeta. No meio literário, lançou seu primeiro livro, “Ovos de Jabuti em Latas de Ferro”, de caráter inventivo e multigênero, e também é fundador do Concurso Literário Baianidades Interioranas.
As Lágrimas das Pétalas Purpúreas
E junto a ti, o encanto Alvorecia.
E o mundo Alagava com sua melodia…
Acordes em oitava com Cores e cortesia:
Pequenos frutos de uma pura Magia…
Seus olhos Argutos, de um mar em Euforia,
Molhavam o alento e o peito em Eufonia…
O corpo Turbulento encontrava Harmonia
— As vagas Ternuras de uma Sintonia…
Nas Águas? Bravuras. Na Vida? Polifonia.
E junto a ti, o encanto Alvorecia…
E longe de ti, o encanto Perecia.
O mundo se Arruinava sem sua companhia…
Minh’alma Afogava e me Sucumbia:
Males Astutos, Óxida Melancolia…
Os corações Abruptos, em uma sinfonia,
Mostravam o Avarento corpo em Agonia!
E no Sofrimento, Numa mente Vazia,
Nefastas amarguras em Desarmonia…
Nas águas? Loucuras. Na Morte? Afonia.
E longe de ti, o encanto Perecia…
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Renilda Viana nasceu em Iraquara /BA-Região da Chapada Diamantina. Professora aposentada. Escritora. Escreve poesias, contos e crônicas. Três livros autorais( poesias e crônicas) e coautora em diversas antologias. No momento(2024) dedica-se a sua primeira publicação no gênero infantil e seu primeiro livro de contos.
Classificados poéticos
Procuro pessoas desocupadas.
Livres para viver sem amarras.
Correremos atrás de gaivotas na praia e
tocaremos as campainhas de pessoas fechadas.
Prometo acordar o silêncio da sua solidão
e preencher o vazio desse coração.
Juntos, iremos ao jardim das possibilidades,
onde vivem as pessoas sem compromisso
com o mal humor e com a maldade.
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Rosângela Macedo é mulher virtuosa, baiana, mãe, poeta, escritora, professora do ensino fundamental II, graduada em Letras e Pós-graduada em Língua Portuguesa. Se inspira na realidade e no protagonismo da vida para escrever. Sua prioridade é pelo bem-estar de si e do outro em busca da felicidade. É uma pessoa apaixonada por poesia e pela vida.
Hoje é dia
De não querer meditar
De não querer sentir
O que há dentro de si
Hoje é dia de querer
Viver
Sentir
Provar
Não desistir
Quando teme o desconhecido
E sofre no desespero
Quando não conhece o segredo
De enfrentar sem medo
Hoje é dia de repercutir
Sonhar
Realizar
Não desistir
Ser livre e voar
Com desbravura conquistar
Hoje é dia de viver
Com alegria
Sentir
Saborear
Abraçar
Hoje é dia de amar.
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Valdeck Almeida de Jesus é escritor e jornalista. Ativista cultural e Embaixador do Parlamento Internacional dos Escritores da Colômbia, membro fundador da União Baiana de Escritores – UBESC e do Fala Escritor (2009). Participa do grupo de pesquisa Rede ao Redor, do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos – IHAC/UFBA.
As sandálias de minha mãe
Quando eu era criança
minha mãe andava descalça.
Prometi que compraria um sapato pra ela,
quando eu crescesse.
Comecei a trabalhar.
Pensei numa sandália de pneu.
Esperei melhorar de trabalho e salário.
Seria de couro
seria de cetim
seria importado
seria de cinderela
Minha mãe morreu
e não deu tempo
comprar o sapato dela.
Agora vou fazer um mausoléu
de paralelepípedo
de ardósia
não, de mármore
ou de granito…
Que tal de pedras preciosas?
Ano que vem eu farei,
quando eu for ao túmulo
levar rosas