A poesia de Natália Supp

Imagem do WhatsApp de 2025-06-16 à(s) 11.12.15_eead1716 - Natália Supp

Neta de uma poeta que lhe ensinou que as palavras são refúgio. Jornalista apaixonada por histórias reais e inventadas, escreve para não se perder. E talvez, para se reencontrar.

Poesia

Novelo de lã

Os fios não
o são dela.
Nem dela.
Minha mãe deixava mantas pela metade:
pontos soltos,
carretéis esquecidos na mesa.
Começava vestidos que nunca vi prontos,
linhas que se perdiam no tempo.
Às vezes penso que herdei isso dela,
essa vontade de fazer
e a dificuldade de concluir.
Minha avó não sabia costurar.
Mas escrevia.
E sonhava como quem ficava com palavras soltas.
Como um emaranhado de fios,
vou tentando puxar um por um.
Uns apertam.
Outros se desfazem só de encostar.
Tentei puxar.
Me enrosquei.
Tentei esquecer e me perdi

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