A poesia de Marison Ranieri

Marison Ranieri

Com graduação em Letras e pós em Escrita Criativa, Marison Ranieri tem publicações em revistas literárias e acumula seleções em prêmios literários e antologias. Em 2024, publicou “Meu corpo é lar de absurdos” pela Editora Flyve. Sua escrita quase sempre se mistura ao mormaço de Recife.

Poesia

No espaço, ninguém pode te ouvir rimar

Anos-luz diante de mim,
Se houvesse quem ouvisse,
Até a sinapse ecoaria
E mais alto eu pensaria
Se alguém reclamasse.
Se houvesse quem ouvisse,
E quisesse meu mal, faminto,
Com forquilhas de afeto,
Eu percorreria galáxias frente e verso,
Posto que não sou extinto.
Se houvesse quem ouvisse,
Eu saudaria este canalha
Com as mãos na garganta,
E o detestaria com o amor de um pai
Que atira os piores adjetivos ao filho,
Mas jamais o abandonaria,
Pois sabe que o silêncio,
Este buraco negro,
Devora mais que o ódio.

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