Paulistano nascido em 1998, o autor, que segmenta sua literatura em três pseudônimos, é bacharelando em Letras e escreve prosa e poesia, abordando questões sociais, sexualidade e saúde mental. Lançou seu primeiro livro em 2019, já participou de várias antologias e recebeu destaques literários. Sua poesia agora é publicada pelo pseudônimo Jon Everson.
Natureza-morta
Os dias escorrem até o extermínio.
Estou aprisionado em seus domínios,
Envolvido em seu abraço cortante.
Eram três meses; são só treze dias.
Preouço o som da trombeta, a agonia
De saber que sou desimportante.
Meu castelo se desfaz em meus dedos.
Olho para um céu tingido de medo,
E me queimo ao ferver a minha ira.
Sem tempo para o choro, fito o espelho.
Meu punho branco fi(n)ca vermelho
Quando o aço gasto golpeia a mira.
O amanhã é um dia para o que será.
Quando eu me for, eu irei, e você irá
Ter de botar menos um prato na mesa.
O quarto será a memória da sepultura.
Eu estarei posando para a sua pintura,
Inanimado como a própria natureza.