Gabriele Demartini é mulher da periferia de Porto Alegre, Advogada pela PUCRS graças ao ProUni, teatreira desde 2014, escritora e poetisa desde sempre, contando a história do meu corpo e as histórias das mulheres que me constroem – sejam minhas ascendentes ou aquelas que cruzam meu caminho. Autora do livro “Diafragma – poemas que respiro e canto” da editora TAUP.
Rio
Quando observo a chegada das mulheres que me moldaram entendo porque sou correnteza Elas chegam com seus panos, vassouras, baldes e histórias
Devastando tudo que não deve permanecer, limpando tudo que não brilha, mudando de lugar tudo o que não cabe e deve ser modificado
Como um rio em que se entra e pode sentir o estranhamento do gelado, mas quando sai está limpo
Elas nem sempre são sutis e dificilmente estão paradas, mas às vezes são calmaria
E depois já correm firme na direção que tem de correr, fazendo a limpeza, arrastando coisas, crianças, homens, bichos, objetos consigo
Empurrando, fazendo, andando
O movimento é o amor e uma reza, e o movimento como um deus cobra seu tributo.
E eu rezo para esse rio.