Cecília Zugaib, nascida na Bahia e residente em Zurique, compartilha suas obras desde 2021, explorando gêneros literários variados. Coautora de várias antologias, foi finalista no 9º Festival de Poesia de Lisboa (2024) com o poema “Matizes do Extermínio”. Participou do Festival “Zurich Liest” com suas contribuições para a artzine Zwischentext. Atualmente lança dois livros solos de poesia.
Processo
Dizem que, para curar,
há de se chorar,
ir até o fundo, tomar impulso,
se reinventar,
voltar à tona,
receber o tempo como um abraço,
aceitar o passado,
traçar planos,
não pensar,
cultivar hábitos saudáveis,
exercitar-se, dormir muito,
estar com amigos,
meditar.
Curar é processo.
A dor pulsante
corta a alma,
marea os olhos,
seca a boca.
Curar é tempo em câmara lenta,
é silêncio incômodo
que não acha posição confortável,
é exaustão que te adormece,
o caminho necessário.