Artur Hermano é natural de Fortaleza-CE, mas tem morado “na estrada” nos últimos 10 anos. Recentemente concluiu seu doutorado na Unicamp e agora encara o desafio de morar em São Paulo mantendo acesa a sua chama poética, que tem sido seu refúgio e seu poder secreto nos momentos mais difíceis. Sonha em um dia publicar seu próprio livro de poemas.
A ORIGEM DA VIDA
O enigma permanece insolúvel porque o entregaram em mãos científicas
Tivessem-no entregado às calejadas mãos de um poeta, há muito já teríamos entendido…
No princípio era o Caos, o desalentado e desesperado Caos
O tumulto e o desastre alimentaram e fortaleceram uma simples lagoa tépida, ardendo de tesão pela vida, paraísos oníricos, revoluções e amores impossíveis
Era óbvio que uma centelha ali seria acesa em meio aos intricados passeios quânticos, aquela centelha iria, claro, iluminar o fuso, criar um escrito, um refúgio de ordem em meio ao caos dos compromissos que pagam boletos
Espinosa narrou o duro desejo de durar – o conatus – que preencheu e multiplicou aqueles versos fragilmente malabarizados pelas calejadas mãos do planeta
E foi assim o início tão simples da vida
Raríssimo e implausível – mas basta que tenha acontecido uma vez
Da fuga do caos às odes eufóricas,
A vida nasceu como um poema da Terra para si mesma.