A poesia de Túlio Velho Barreto

Túlio Velho Barreto

Túlio Velho Barreto participou de dezenas de antologias e coletâneas de poesia e contos. Recentemente, publicou os livros Do Estar no Ainda – Haikais (Patuá, 2022), Versos em Cordas Primas (Helvetia, 2023), premiado pelo Festival de Poesia de Lisboa, e Pequeninos Animais em Haikais, (Patuá, 2024), voltado para o público infantil. Em 2025, foi 1º lugar no Prêmio Off Flip de Literatura com o conto “A Invenção de Fernando Pessoa”. 

Poesia

MÁQUINA DE ESCREVER

[Impassível]
Diante de mim pareces esconder segredos
a revelar – tarde ou cedo – o que não se sabe.
Antes do fim.

[O suave toque]
No deslizar dos dedos sobre a matéria
escreves a palavra séria que nunca se prende.
Nem se perde.

[No mesmo som]
Repetido em cada movimento faz-se
então a marca na face do branco absoluto.
Como um rito.

[Resultado:]
Em linhas retas apoia-se a musculatura
do escriba. E os traços espalham-se plenos.
Em mil planos.

[Poema e prosas]
As palavras que ali pousam vão até onde
as mãos alcançam quando a mecânica para.
E então calas.

O OLHO DO MAR

o olho do mar
atravessa
a praia
alcança espumas
acaricia
lambe
beija a areia
a seduz
quando clareia
a sob a lua
se divide
se multiplica
em leve flerte
e reflete
tudo o que mira
como o sol
da manhã
e da tarde
para apenas
à noite revelar:
o olho do mar
é farol

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