Túlio Velho Barreto escreve e publica poemas desde os anos 1980. Já participou de dezenas de coletâneas e antologias e, recentemente, publicou o livro Do Estar No Ainda – Haikais (Patuá, 2022). No ano passado, o seu livro Verso em Cordas Primas (Helvetia Éditions), premiado no VIII Festival de Poesia de Lisboa, foi lançado em Portugal e no Brasil.
MÁQUINA DE ESCREVER
[Impassível]
Diante de mim pareces esconder segredos
a revelar – tarde ou cedo – o que não se sabe.
Antes do fim.
[O suave toque]
No deslizar dos dedos sobre a matéria
escreves a palavra séria que nunca se prende.
Nem se perde.
[No mesmo som]
Repetido em cada movimento faz-se
então a marca na face do branco absoluto.
Como um rito.
[Resultado:]
Em linhas retas apoia-se a musculatura
do escriba. E os traços espalham-se plenos.
Em mil planos.
[Poema e prosas]
As palavras que ali pousam vão até onde
as mãos alcançam quando a mecânica para.
E então calas.