Eduardo Worschech, nômade literário, escritor que transita entre os universos da filosofia e da arte. Mestre em Educação pela UFSCar.
Nem Sempre as Nuvens são tão Claras
Ainda anteontem estive pensando no dia de amanhã, acabei tropeçando em minhas angústias e vim parar no fim da fila.
Insisti na minha estima, que um dia poderia me ferir, e fez mais do que muito, pois me colocou de corpo todo do lado de cá desta linha que não tracei.
Entre vontades e compulsórios, o destino é bastante forte em escolher para mim um belo desastre, sem atrocidades, mas com doses generosas de comédias onde o riso é amarelo.
Euforia pelo esperado, não parece ser assim que alguém desejaria conviver, no caminho mais longo desta trajetória curta.
Em uma sina de se autoflagelar emocionalmente, nunca optei pelo pior, contudo, parece que a água do mar mal consegue cobrir meu corpo, quando adentro este oceano.
Num olhar denso mas que se esgueira do fogo do real e a brasa que alimenta o calor da inquietação, instrui-me sobre as severas queimaduras as quais estaria sujeito; e mantive os caminhos fechados ao trânsito livre da paixão.
Ao tempo que consome, não há crepitação que possa se assemelhar as batidas do coração, com seu compassado afago diante do inesperado.
Ir direto a um ponto com certeza não é como lançar um dardo contra uma imensa previsão, pois ao fardo que carrega na escuridão, com menos certeza se tem de sua própria sujeição.
Se quaisquer que fosse o momento daquela massa de ar frio entrar em confronto contigo, certamente a abundância tomaria o lugar daquela sala vazia, donde o assoalho ainda continua molhado.